Tenho 33 anos, e por esse interesse estranho pelo assunto, guardo na memória algumas cenas marcantes. Algumas lembranças do General Figueiredo, o último dos militares a governar o Brasil, e que na minha memória parecia um grande grosseiro, como aliás era peculiar na ditadura; a campanha das "diretas já”, que pedia eleições diretas para presidente (lembro da Fafá de Belém cantando o hino nacional, bem como a presença de Lula e Fernando Henrique no evento, que incluía políticos e artistas famosos).
Campanha "diretas já", 1984.
Lembro da primeira eleição, ainda não direta, após o período militar, disputada entre Tancredo Neves e Paulo Maluf, ganha por Tancredo (a programação da TV era interrompida a todo instante para mostrar o resultado parcial); lembro do dia em que caminhava pra escola, e me disseram que não haveria aula porque o Tancredo tinha morrido, antes mesmo de assumir a presidência, notícia que emocionou o país, embalada por “Coração de Estudante” de Milton Nascimento e Wagner Tiso; lembro de José Sarney assumindo a presidência em seu lugar, em 1985; lembro das infinitas trocas de moeda, da inflação absurda; lembro da Constituição promulgada em 1988, uma vitória do país, consolidando a democracia após tantos anos de regime militar; lembro da eleição de Collor em 1989 – eu estava começando o ensino médio, ainda não votava – lembro das armações da Rede Globo contra Lula nessa eleição e posteriormente de sua participação no “impeachment” do funesto presidente. Enfim, são muitas lembranças, algumas entrecortadas, e que de alguma forma, me remetem ao tempo presente, às crises no Congresso e na política brasileira como um todo, onde se encontram muitas dessas figuras notórias de outros tempos.
Hoje eu lia um texto bíblico que queria muito compartilhar com vocês. É pequeno, mas muito enfático, e trata de política. Só pra contextualizar: Deus fala, através de seu profeta Jeremias, ao Rei Jeoaquim. Israel tinha essa forte “relação” estabelecida com Deus, o que significa dizer que a Lei de Deus era mais que uma série de preceitos religiosos, mas uma forma de se viver. Ou seja, a vida social e política também deviam seguir as mesmas leis de Deus, os mesmos princípios de vida estabelecidos em Sua Palavra. Frequentemente, Deus permitia a derrota do povo de Israel em uma batalha, por exemplo, em função da desobediência e corrupção de seu rei, e o oposto também ocorria.
Pois bem, Jeoaquim – o alvo desse discurso divino – era o sucessor do rei Josias (seu pai). Enquanto Josias havia sido um rei justo aos olhos de Deus, Jeoaquim fez o que muitos de nossos políticos fazem todos os dias, e mereceu a seguinte advertência divina. Eis então a mensagem de Deus para ele (e por que não dizer, para todos eles?):
"Ai daquele que constrói o seu palácio por meios corruptos, seus aposentos, pela injustiça, fazendo os seus compatriotas trabalharem por nada, sem pagar-lhes o devido salário. Ele diz: 'Construirei para mim um grande palácio, com aposentos espaçosos'. Faz amplas janelas, reveste o palácio de cedro e pinta-o de vermelho'. Você acha que acumular cedro faz de você um rei? O seu pai não teve comida e bebida? Ele fez o que era justo e certo, e tudo ia bem com ele. Ele defendeu a causa do pobre e do necessitado, e, assim, tudo corria bem. Não é isso que significa conhecer-me?", declara o Senhor. "Mas você não vê nem pensa noutra coisa além de lucro desonesto, derramar sangue inocente, opressão e extorsão". Portanto, assim diz o Senhor a respeito de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá: "Não se lamentarão por ele, clamando: 'Ah, meu irmão!' ou 'Ah, minha irmã!'. Nem se lamentarão, clamando: 'Ah, meu senhor!' ou 'Ah, sua majestade!'. Ele terá o enterro de um jumento: arrastado e lançado fora das portas de Jerusalém!
(Jeremias 22: 13-19 – Nova Versão Internacional)
As raposas da política nacional têm agora uma vida curta. A maioria está numa idade bem avançada, em visível decadência do corpo. Alguns acumularam muita riqueza, compraram muitas terras, redes de TV e rádio, Estados inteiros até. Para onde as levarão depois? Para seus túmulos? Com quem hão de compartilhar suas vitórias? Quem são seus verdadeiros amigos? Onde estará sua glória? Em algum nome de rua ou escola? Quem há de lamentar por eles?
Resta-lhes apenas aguardar seus belos enterros de jumento...
Que Deus tenha piedade do povo brasileiro!
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