quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Viver e aprender

Estávamos sentados numa mureta, junto ao portão de entrada de sua antiga casa, no bairro do Fonseca, em Niterói. Enquanto eu tinha meu CD nas mãos e fazia uma pequena dedicatória ao anfitrião, Marcos Nimrichter (http://www.marcosnimrichter.com), conversávamos sobre vida pessoal e profissional. Ele, grande pianista e acordeonista, músico muito experiente, me dava conselhos e incentivo a respeito do que poderia se seguir àquele meu trabalho recém-gravado.

Fiz a dedicatória meio sem jeito, afinal já havia dedicado a ele algumas palavras no encarte do CD, e ele dizia: “faça algo simples, pelo menos pra eu me lembrar desse dia aqui, e dessa nossa conversa”.

A conversa girou em torno de sonhos e projetos de cada um, ele me falava de seu mestrado na UFRJ e eu falava das possibilidades que avistava com meu CD, de fazer alguns shows e tocar por esse mundão. Em determinado momento, disse a ele que eu desejava fazer um mestrado no exterior, mas que andava meio desanimado com a burocracia envolvida e tal. Ele me disse uma coisa que me esqueci depois, mas de algum jeito ficou guardada: “Bom, então você VAI fazer seu mestrado no exterior. Se é isso que você quer, você já decidiu, só precisa do tempo pra isso acontecer!”. Na hora, achei legal ouvir aquilo, mas poderiam ter sido apenas palavras, como quando dizemos “boa sorte” ou “passe lá em casa”. Mas a verdade é que ele não disse assim, ele realmente sabia o que estava dizendo, embora suas palavras, como eu disse antes, tenham saído da minha mente poucos dias depois.

Isso foi em dezembro de 2008. Em fevereiro de 2009, iniciei um processo de inscrição para o mestrado em música, em meio a tantas outras idéias que me ocorriam, inclusive o planejamento do lançamento do CD, e eu agia como quem atira em várias direções. Há muito o que falar sobre esse processo, mas o fato é que o lançamento do CD não ocorreu, e hoje, 7 meses depois (e há aproximadamente 11.000 km de distância), aqui estou eu começando meu mestrado em música, no Estado de Oregon, nos EUA.


Contei essa história porque acredito firmemente que definimos os rumos de nossas vidas. Não acredito e frequentemente me irrito com o discurso de que "basta sonhar e as coisas acontecem" (parece letra de música da Xuxa!). Como cristão, acredito na interferência divina sobre nossas vidas particulares, mas também acredito em nosso livre arbítrio, dentro de uma determinada “jurisprudência”. E acreditar em ambas não é contraditório.

Assim, muitas vezes Deus nos permite dar rumo às nossas vidas e aprender com nossas próprias escolhas, porém sem nunca nos abandonar - ao contrário do que pensam certos religiosos que costumam falar em nome de Deus para manipular seus quase sempre imaturos fiéis. E há outros momentos em que Ele interfere diretamente no movimento das coisas, no curso da história, e a isso chamamos “milagre”, seja através de um sinal exterior estrondoso, ou através de uma voz doce e calma dentro de nós.

Seja como for, quando penso em Deus como um Pai, imagino que seu objetivo seja nos tornar maduros pra tomarmos decisões maduras, quebrarmos menos a cara e alcançarmos felicidade plena.

Acredito que eu vivo hoje uma combinação de muitas decisões pessoais (com muitas lições aprendidas, esparadrapos e gesso) e muitas interferências divinas. Não importa o quanto seja de cada uma, me consola saber que, seja como e aonde for, Sua mão está sobre mim.

“...a prova da fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma” (Tiago 1: 3,4)

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